quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Diante da Morte

       Neri (2006) informa que ao perceber a proximidade da morte, as pessoas mais velhas ou jovens em estado terminal iniciam transformações em suas vidas, buscando valorizar mais os momentos e as relações sociais mais significativas/positivas. Além disso, informa que embora não haja uma relação necessária entre idade e sabedoria, alguns estudos mostram que idosos apresentam níveis elevados na resolução de problemas existenciais. Seria necessário nos basearmos em outros estudos para afirmar se a proximidade da morte é um fator crucial para o desenvolvimento subjetivo da sabedoria. Mas sabemos que, independentemente da idade, as pessoas que vivenciam experiências de quase-morte relatam mudanças em suas atitudes. 
EQMs trazem conteúdos subjetivos, culturais e religiosos, impactam a vida das pessoas e geram reflexões. Podem durar muito pouco, acontecer diante de um perigo real ou aparente de morte, podem ocorrer em qualquer idade e em qualquer pessoa, religiosa ou não. Muitos relatam que durante uma EQM vivenciaram a lembrança de toda a sua vida e, por isso, quando voltam buscam ser pessoas melhores (veja os marcadores ao lado).  No entanto, isso não ocorre apenas na presença de tais experiências: Bronnie Ware trabalhou com cuidados paliativos, acompanhando os pacientes nos seus caminhos entre a vida e a morte, ela coletou durante o seu trabalho as cinco coisas das quais as pessoas mais se arrependem antes de morrer (http://www.inspirationandchai.com/Regrets-of-the-Dying.html). Veja quais são os cinco arrependimentos mais comuns:


1. Eu gostaria de ter tido a coragem de viver uma vida verdadeiramente minha, e não a vida que esperavam que eu tivesse.
2. Eu não deveria ter trabalhado tanto.
3. Eu gostaria de ter tido coragem de expressar meus sentimentos.
4. Eu deveria ter mantido contato com os meus amigos.
5. Eu deveria ter me permitido ser mais feliz.
            

  
             A morte é uma certeza que provoca grandes questionamentos: "qual o sentido da vida?", "o que acontece depois?". Estas questões existenciais para as quais buscamos respostas nos remetem à espiritualidade, que pode ser vivida ou percebida de formas diferentes de acordo com a opção religiosa de cada um. A psicologia enquanto ciência não segue nenhuma religião, no entanto reconhece a importância da espiritualidade e da religiosidade no enfrentamento da vida e da morte (ver o marcador ao lado "Espiritualidade e Saúde". E quando se trata de experiências de quase-morte, incluindo a percepção de seres não-físicos e de outras dimensões, não podemos saber se o conteúdo dos relatos de tais experiências se refere ou não à um mundo real. Alguns podem afirmar que estes relatos são reações de defesa diante do perigo da morte (ver marcador ao lado "O Cérebro nas EQMs") e outros podem acreditar em outro nível de existência, mas todos os profissionais da saúde precisam encontrar formas de lidar com a necessidade espiritual dos pacientes, reconhecendo-a e valorizando-a. Saber lidas com estes questionamentos e com estes cinco arrependimentos é uma questão de saúde e todos nós, seres humanos, devemos ser capazes de pensar nisso antes de morrer, pois afinal, não precisamos esperar uma quase-morte para querer viver uma vida da melhor forma possível! Comece agora mesmo a ser mais feliz. 
    
Referências Bibliográficas:
Neri, A. L. (2006). O legado de Paul B. Baltes à Psicologia do Desenvolvimento e do Envelhecimento. Temas em Psicologia, vol. 14, n 1, pp. 17-34.  

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